O vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB) afirmou nesta quinta-feira (3) que conversou com o presidente Jair Bolsonaro (PL) e que o chefe do Executivo disse que vai colaborar com a transição entre governos.
O encontro entre os dois ocorreu no gabinete do presidente, no terceiro andar do Palácio do Planalto, a pedido de Bolsonaro, após Alckmin sair de uma reunião com os ministros da Casa Civil, Ciro Nogueira, e da Secretaria-Geral da Presidência, Luiz Eduardo Ramos, para discutir a transição de governo.
"Foi positivo. O presidente convidou. Estávamos saindo já e [ele] reiterou o que disse o ministro Ciro Nogueira e o ministro general [Luiz Eduardo] Ramos da disposição do governo federal de prestar todas as informações, colaborações, para que se tenha uma transição pautada pelo interesse público", contou Alckmin.
O vice-presidente eleito foi questionado se Bolsonaro o parabenizou pela vitória, mas evitou responder a essa pergunta.
"O presidente fala depois o teor da conversa, mas foi em resumo reiterar os compromissos em relação à transição, pautada pela transparência, pautada pela continuidade dos trabalhos, pelo planejamento, pela previsibilidade", disse.
A declaração de Alckmin, que também é coordenador da transição pelo governo eleito, foi dada após reunião no TCU (Tribunal de Contas da União).
Mais cedo, no Palácio do Planalto, o vice de Lula afirmou que a reunião foi "proveitosa" e que a transição "já começou" e será instalada na próxima segunda-feira (7) no Centro Cultural Banco do Brasil, em Brasília.
Depois do encontro com Ciro Nogueira, Alckmin concedia entrevista à imprensa no momento em que Bolsonaro chegou ao Planalto. O chefe do Executivo mandou avisá-lo que estava lá e gostaria de cumprimentá-lo.
O vice-presidente eleito então subiu até o gabinete presidencial, onde ficou com o chefe do Executivo por menos de dez minutos, a portas fechadas. Segundo relatos, Bolsonaro disse que sua equipe era bem-vinda e que deixariam tudo disponível para a transição.
Interlocutores do presidente contam que ele passou o dia em reuniões no Alvorada, mas que tinha a vontade desde cedo de cumprimentar o ex-governador de São Paulo. Por isso, foi ao Planalto, onde ficou por cerca de meia hora apenas.
A equipe do governo eleito realizou na tarde desta quinta-feira (3) a primeira reunião com integrantes da gestão Bolsonaro, para dar início às atividades de transição.
Além de Alckmin, participaram do encontro representando o governo eleito a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, o ex-senador Aloizio Mercadante e o senador eleito Wellington Dias (PT-PI).
"Tivemos encontro com ministro chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, o secretário-geral, ministro general Ramos e uma equipe de assessores. Entregamos o pedido do presidente Lula nos designando como coordenador da transição. A conversa foi bastante proveitosa, muito objetiva. A transição já começou", afirmou Alckmin.
"Eles estão designando o CCBB [Centro Cultural Banco do Brasil]. Amanhã Gleisi e Mercadante vão até lá fazer uma visita e nós deveremos começar a partir de segunda-feira da próxima semana", completou.
Durante entrevista a jornalistas, Alckmin foi questionado se Luiz Eduardo Ramos, aliado próximo a Bolsonaro e amigo, havia reconhecido a derrota. "Cumprimentou, deu parabéns, desejou ótimo trabalho e se colocou à disposição para a transição", disse.
O ex-senador e ex-ministro da Educação na gestão de Dilma Rousseff (PT), Aloizio Mercadante, depois afirmou que se sentia bem em estar de volta ao Planalto, "pela porta da frente".
"Eu acho que só tem uma forma de voltar ao Palácio do Planalto para exercer um cargo público, pela porta da frente, com voto popular, em uma eleição limpa, como foi a que nós vivemos."
O encontro acontece no quarto dia após o segundo turno das eleições presidenciais, no qual Lula venceu Jair Bolsonaro com 50,9% dos votos, contra 49,1% do atual mandatário.
Antes de irem ao Planalto, a equipe representando o governo eleito manteve encontro com ministros do TCU e depois foi ao Senado, onde se reuniu com parlamentares aliados e com o relator-geral do Orçamento de 2023, senador Marcelo Castro (MDB-PI).
Na ocasião, a equipe de transição do presidente eleito e o relator do Orçamento acertaram a apresentação de uma PEC (proposta de emenda à Constituição) para autorizar despesas acima do teto de gastos —incluindo a continuidade do benefício mínimo de R$ 600 do Auxílio Brasil.
A chamada PEC da transição é necessária para evitar um apagão social no próximo ano, já que a proposta de Orçamento enviada em agosto assegura apenas um valor médio de R$ 405,21 no Auxílio Brasil, além de impor cortes severos em programas habitacionais e também no Farmácia Popular.